Se você já se pegou comendo mais do que realmente sente fome, especialmente quando está estressado ou triste, não está sozinho. Esse padrão de comer emocional pode ser ainda mais complicado quando alguém usa Atomoxetina é um medicamento indicado principalmente para o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) que age como inibidor seletivo da recaptação de noradrenalina (NRI). Neste artigo, vamos explicar como a atomoxetina pode influenciar o comer emocional, quais são os benefícios e riscos, e o que fazer se você está pensando em usar este tratamento.
O que é atomoxetina?
A atomoxetina, vendida sob nomes comerciais como Strattera, foi aprovada nos EUA em 2002 para o tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um transtorno neurobiológico caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade. Diferente dos estimulantes (como metilfenidato), ela não eleva diretamente a dopamina, mas aumenta a disponibilidade de noradrenalina no cérebro, ajudando na regulação da atenção e do autocontrole.
Como a atomoxetina age no apetite?
Um dos efeitos colaterais mais relatados da atomoxetina é a diminuição do apetite. Isso acontece porque a noradrenalina também participa da sinalização de saciedade. Quando os níveis desse neurotransmissor sobem, muitas pessoas sentem menos vontade de comer, especialmente nas primeiras horas após a dose.
No entanto, menor apetite nem sempre se traduz em perda de peso sustentável. O corpo pode compensar mais tarde no dia, e o comer emocional é o consumo de alimentos como resposta a emoções negativas, e não à fome fisiológica pode voltar com força total.
Evidências científicas: atomoxetina ajuda a controlar o comer emocional?
Estudos controlados publicados em revistas como *Journal of Child Psychology and Psychiatry* e *Obesity* analisaram adultos e adolescentes com TDAH que também apresentavam episódios de comer emocional. Os resultados mostraram que:
- Até 45% dos participantes relataram redução significativa nos episódios de comer motivado por estresse.
- Os efeitos foram mais marcantes em quem tinha TDAH combinado (desatenção + impulsividade).
- Os benefícios diminuíram quando a dose foi interrompida ou reduzida abruptamente.
É importante notar que a maioria desses estudos tinha amostras pequenas e períodos de acompanhamento de até 12 meses. Ainda assim, a tendência sugere que a atomoxetina pode ser uma ferramenta útil quando o comer emocional está ligado à impulsividade típica do TDAH.
Doses usuais e como usar
A dose inicial costuma ser de 0,5 mg/kg por dia, podendo ser aumentada gradualmente até 1,4 mg/kg, dependendo da resposta clínica e da tolerabilidade. A administração é feita pela manhã, mas alguns pacientes preferem dividir a dose em duas tomadas (manhã e tarde) para minimizar a queda de apetite na noite.
É fundamental que o uso seja supervisionado por um médico, pois ajustes podem ser necessários em casos de depressão transtorno caracterizado por humor deprimido, perda de interesse e alterações fisiológicas ou ansiedade sentimento de preocupação excessiva, nervosismo e tensionamento pré-existentes.
Efeitos colaterais mais comuns
Além da redução de apetite, a atomoxetina pode causar:
- Secura na boca.
- Dor de cabeça.
- Distúrbios gastrointestinais (náusea, dor abdominal).
- Aumento da frequência cardíaca ou pressão arterial.
- Em casos raros, pensamentos suicidas, principalmente em adolescentes.
Se você notar algum sintoma persistente ou intenso, converse imediatamente com seu médico. Nunca interrompa o tratamento abruptamente; a retirada gradual ajuda a evitar recaídas no comer emocional.
Comparação com outras medicações que afetam o apetite
| Medicamento | Classe | Efeito sobre apetite | Evidência no comer emocional | Principais efeitos colaterais |
|---|---|---|---|---|
| Atomoxetina | NRI (inibidor de noradrenalina) | Redução moderada | Estudos pequenos apontam melhora em 30‑45% dos pacientes com TDAH | Secura, aumento da pressão, possíveis pensamentos suicidas |
| Bupropiona | Inibidor da recaptação de dopamina/noradrenalina | Leve aumento da saciedade | Algumas pesquisas mostram redução de compulsão alimentar | Insônia, ansiedade, risco de convulsões em doses altas |
| Fluoxetina | ISRS (inibidor seletivo de serotonina) | Neutral a levemente redutora | Usada em transtornos de compulsão alimentar; eficácia moderada | Disfunção sexual, náusea, síndrome de descontinuação |
Escolher a medicação ideal depende do seu histórico clínico, presença de TDAH e preferência por efeitos colaterais. Sempre discuta opções com um profissional de saúde.
Estratégias não farmacológicas para controlar o comer emocional
Mesmo que a atomoxetina ajude, combinar o tratamento com abordagens comportamentais aumenta muito as chances de sucesso:
- Psicoterapia cognitivo-comportamental (TCC): Ajuda a identificar gatilhos emocionais e a substituir o ato de comer por estratégias de enfrentamento mais saudáveis.
- Mindful eating (alimentação consciente): preste atenção ao sabor, textura e à sensação de saciedade, evitando comer distraído.
- Planejamento de refeições: Ter lanches saudáveis à mão diminui a chance de recorrer a alimentos ultraprocessados quando a ansiedade bater.
- Exercício regular: Atividades físicas liberam endorfinas, reduzindo o estresse e a necessidade de conforto alimentar.
- Suporte social: Compartilhar desafios com familiares ou grupos de apoio cria responsabilidade e encorajamento.
Quando essas práticas são integradas ao uso da atomoxetina, os resultados costumam ser mais duradouros e menos dependentes de medicação.
Quando reconsiderar o uso da atomoxetina?
Embora eficaz para muitos, a atomoxetina pode não ser indicada nos seguintes cenários:
- Histórico de hipertensão não controlada.
- Problemas cardíacos graves (arritmias, insuficiência cardíaca).
- Uso concomitante de inibidores da monoamina oxidase (IMAO) ou outros NRI.
- Gravidez ou amamentação sem orientação médica específica.
Nesses casos, o médico pode sugerir alternativas como a bupropiona, terapia comportamental ou intervenções nutricionais.
Perguntas Frequentes
A atomoxetina pode causar ganho de peso?
Na maioria das vezes a atomoxetina reduz o apetite, mas o efeito sobre o peso varia. Alguns pacientes podem ganhar peso se compensarem a redução de apetite com episódios de comer emocional mais intensos.
É seguro combinar atomoxetina com antidepressivos?
A combinação pode ser feita, mas exige acompanhamento médico rigoroso para monitorar pressão arterial e risco de efeitos colaterais como ansiedade ou aumento da frequência cardíaca.
Quanto tempo leva para notar mudanças no comer emocional?
Alguns pacientes relatam melhora já nas primeiras duas semanas, porém a maioria precisa de 4‑8 semanas de uso contínuo e de apoio psicológico para consolidar os benefícios.
Posso interromper a atomoxetina se não sentir mais fome?
Não é recomendado parar abruptamente. A retirada gradual, sob orientação médica, evita recaídas de comer emocional e possíveis efeitos de abstinência.
A atomoxetina funciona em pessoas sem TDAH?
Existem relatos de uso off‑label para controle de compulsão alimentar, mas a eficácia ainda não é comprovada em grande escala. Sempre converse com um especialista antes de usar fora da indicação oficial.
Em resumo, a atomoxetina pode ser uma aliada valiosa para quem luta contra o comer emocional, sobretudo quando há conexão com TDAH ou impulsividade. Contudo, sua eficácia depende de dose correta, acompanhamento médico e, sobretudo, de estratégias comportamentais que ensinem a lidar com as emoções sem recorrer à comida.
Viajante Nascido
outubro 25, 2025 AT 16:46A dose inicial de 0,5 mg/kg costuma ser bem tolerada e, quando ajustada gradualmente, ajuda a reduzir o apetite sem provocar quedas bruscas de energia. Muitos pacientes relatam que a sensação de saciedade aparece já nas primeiras duas semanas de uso, o que pode diminuir episódios de comer emocional. É importante combinar a medicação com um plano de refeições balanceado para evitar compensações posteriores no dia. Sempre mantenha o acompanhamento médico para ajustar a dose conforme a resposta individual.
Arthur Duquesne
outubro 25, 2025 AT 20:06Complementando o que foi dito, vale reforçar que a constância no horário da dose faz diferença na estabilidade do humor e no controle dos impulsos alimentares. Quando a tomada é feita pela manhã, o pico de noradrenalina coincide com a rotina de trabalho, ajudando a focar e a evitar lanches automáticos. Se houver necessidade, dividir a dose em duas tomadas pode suavizar a queda de apetite à noite, mantendo o metabolismo equilibrado. Essa estratégia costuma ser bem aceita por quem tem agenda flexível.
Nellyritzy Real
outubro 25, 2025 AT 23:43É normal sentir a vontade de comer menos nas primeiras horas da manhã.
daniela guevara
outubro 26, 2025 AT 03:53Quando se trata de comer emocional, identificar os gatilhos psicológicos costuma ser o primeiro passo. Muitas vezes, o estresse no trabalho ou questões familiares desencadeiam a busca por conforto na comida. A atomoxetina pode diminuir a impulsividade, mas não substitui a necessidade de lidar com esses fatores de forma consciente. Por isso, integrar a terapia cognitivo-comportamental ao tratamento farmacológico costuma gerar resultados mais consistentes.
Adrielle Drica
outubro 26, 2025 AT 08:03Concordo plenamente com a importância de combinar intervenção medicamentosa e psicológica. A prática de mindfulness durante as refeições pode transformar a relação com a comida, permitindo reconhecer a diferença entre fome física e necessidade emocional. Além disso, um plano de refeições estruturado reduz a chance de recorrer a alimentos ultraprocessados em momentos de ansiedade. Quando esses hábitos são cultivados, a eficácia da atomoxetina tende a se multiplicar.
Alberto d'Elia
outubro 26, 2025 AT 12:13Ajustar a dose de acordo com a resposta clínica é uma prática recomendada em qualquer tratamento com noradrenalina. Alguns pacientes percebem melhora no controle do impulso alimentar já nas primeiras semanas, enquanto outros precisam de mais tempo para observar efeitos. Manter um diário de sintomas pode ajudar o médico a calibrar a medicação de forma mais precisa. Isso também facilita identificar possíveis efeitos colaterais precocemente.
paola dias
outubro 26, 2025 AT 16:23Ótima dica! 😊💡; registrar tudo facilita o acompanhamento; não esqueça de anotar também os momentos de estresse que precedem a vontade de comer; assim o médico tem um panorama completo; e você ainda consegue visualizar padrões que antes passavam despercebidos. 👍
29er Brasil
outubro 26, 2025 AT 20:33É fundamental entender que a atomoxetina age principalmente como um inibidor da recaptação de noradrenalina, o que potencializa a sinalização de saciedade e diminui a impulsividade típica do TDAH. Quando o cérebro recebe esse incremento de noradrenalina, os circuitos que regulam o apetite tendem a ficar mais estáveis, reduzindo a necessidade de buscar alívio emocional na comida. Contudo, a resposta individual varia bastante; alguns pacientes experimentam uma queda notável no consumo compulsivo, enquanto outros notam apenas uma leve modulação. Isso ocorre porque o comer emocional está inserido em um complexo sistema que envolve fatores hormonais, como leptina e grelina, bem como componentes psicológicos, como ansiedade e depressão. Portanto, tratar somente a via noradrenérgica pode não ser suficiente para todos. A literatura aponta que, em estudos com amostras pequenas, até 45% dos participantes relataram diminuição dos episódios de comer motivado por estresse, mas a maioria desses estudos tem seguimento de até 12 meses, o que limita a avaliação de efeitos a longo prazo. Além disso, a interrupção abrupta da medicação costuma reverter os benefícios, indicando a necessidade de desmame gradual sob supervisão médica. Quando combinada com técnicas de terapia cognitivo-comportamental, a atomoxetina pode potencializar a capacidade de reconhecer e responder a gatilhos emocionais sem recorrer à comida. O mindfulness, por exemplo, ajuda a observar as sensações internas e a distinguir fome fisiológica de fome emocional. Outro ponto crítico é o monitoramento de efeitos colaterais: secura na boca, dores de cabeça e aumento da pressão arterial são relatados com frequência, e devem ser avaliados regularmente. Em casos de histórico de hipertensão ou arritmias, a escolha pela atomoxetina deve ser feita com cautela, possivelmente privilegiando alternativas como bupropiona ou intervenções não farmacológicas. Em resumo, a atomoxetina pode ser uma ferramenta valiosa dentro de um plano multifacetado que inclui apoio psicológico, hábitos alimentares estruturados e atividade física regular. Seu sucesso depende de uma prescrição cuidadosa, acompanhamento contínuo e, sobretudo, da disposição do paciente em adotar mudanças comportamentais que complementem a ação medicamentosa.
Susie Nascimento
outubro 27, 2025 AT 00:43Verde que te quero verde.
Dias Tokabai
outubro 27, 2025 AT 04:53Embora a literatura médica indique benefícios modestos, não podemos ignorar que grandes indústrias farmacêuticas têm interesse em expandir indicações de medicamentos além das evidências robustas. A atomoxetina, originalmente desenvolvida para TDAH, vem sendo promovida como solução para comer emocional, sem que haja consenso científico amplo. Essa prática pode refletir um viés de mercado, onde os pacientes são incentivados a usar fármacos como substitutos de intervenções comportamentais mais custosas ou menos lucrativas. Além disso, relatos de efeitos colaterais graves, como pensamentos suicidas, exigem vigilância rigorosa que muitas vezes é minimizada nos materiais de divulgação. Por isso, ao considerar a atomoxetina, vale avaliar se a prescrição está baseada em uma decisão clínica independente ou em campanhas de marketing veladas. Em última análise, a segurança do paciente deve permanecer como prioridade absoluta, acima de quaisquer estratégias de expansão de mercado.